
Cultura Licanantay: conheça os povos indígenas do Deserto do Atacama
Muitos viajam ao Chile, ao Deserto do Atacama, e voltam sem sequer saber o que é Licanantay e sua cultura. A Fui Gostei Trips quer te levar para viajar aos destinos além das paisagens, mas que vocês também conheçam as histórias e culturas que ali existem.
Você já deve ter ouvido falar o termo “atacamenho” se referindo aos povos indígenas da região do Deserto do Atacama. Não que ele esteja errado, mas o nome foi dado por espanhóis, e não refletem necessariamente a história dessa antiga etnia.
Esse artigo vai te ajudar a entender melhor as histórias, tradições, costumes, ancestralidade, e curiosidades dos Licanantays. Para aprender e ver tudo isso com os seus próprios olhos, entre em contato com um de nossos atendentes para reservar os seus passeios no Deserto do Atacama!
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Quem são os Licanantay?
Assim como cada lugar do continente tinham diferentes etnias, no norte do Chile são os Licanantays. Esse povo originário da região do Deserto do Atacama chegou ali por volta de 500 a.C., e traços da cultura ainda são encontradas nas montanhas das Cordilheiras que os rodeiam.
A língua falada por eles é o Cunza, uma língua em risco de extinção, com cada vez menos pessoas que falam. Existem projetos no povoado de recuperação da língua ancestral e as demais tradições. Licanantays em cunza significa “o povo da terra”, podendo ser do território ou da seca terra do deserto.
Infelizmente, a língua cunza começou a ser apagada com a proibição feita pelos espanhóis de não poderem falar dialetos originários, como também o aymará e o quéchua. Como cunza não era uma língua escrita, foi mais desafiador mantê-la viva. Porém, os descendentes dos Licanantays seguem mantendo vivas as tradições e recuperando o cunza.



Tradições e costumes dos Licanantay
Por habitarem uma região hostil, de clima instável e elevada altitude, um dos principais pilares dos Licanantays são é permanecer em comunidade. Onde eles precisam estar juntos, se apoiando para enfrentarem os desafios dispostos a eles. Isso reflete até os dias de hoje, em que os valores de comunidade permanecem firmes.
As crenças religiosas deles se mesclam com as cristãs, impostas na época da colonização. Em alguns momentos, eles estão fazendo orações para San Pedro, e ao mesmo tempo podem estar fazendo uma festa para acalmar o Vulcão Lascar.
Por centenas de anos, eles tiveram que praticar suas crenças não cristãs no silêncio de suas casas para não serem punidos pelos espanhóis. Por isso, algumas celebrações hoje também acontecem dentro das casas. Porém, cada vez mais estão se reunindo para poderem voltar a celebrar juntos, em comunidades, na natureza.
No quesito de práticas agrícolas, parte da cultura Licanantay era ter um contato muito íntimo com a natureza, sabendo que a sobrevivência deles dependia dela. Por isso, fazem o uso sustentável de recursos naturais e sempre estão devolvendo à Madre Tierra, com muita dança, comida e música.
Uma herança ancestral dos Licanantays é o uso de plantas medicinais em rituais, como também no dia a dia. Como o chá de muña, de coca, chañar, algarrobo e tantas outras da região que seguem sendo usadas.
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A influência dos Licanantay na cultura atual do Atacama
Assim que você chegar em San Pedro do Atacama vai notar que é um povoado único. No meio do deserto mais seco do mundo, com as casas na mesma arquitetura de adobe. Como uma forma de preservar a cultura e as tradições licanantays, é obrigatório que as casas, lojas e demais construções mantenham a arquitetura local: de adobe. Adobe é a mistura natural de areia, pedras, água e outros itens naturais. Por mais que por dentro seja diferente, o exterior tem que manter a tradição.
Outra forma de fortalecer a cultura local e manter o legado, cada vez mais são organizadas cerimônias e rituais tradicionais de origem Licanantays. Uma das maiores celebrações é o início da primavera, em que festejam o renascer da terra. Ou o Convido, no auge da seca, em que alimentam o solo sagrada da Paatcha, o espírito da Terra, para que ela aguente até o período de chuvas. Além disso, os vulcões e montanhas também são motivos de celebração, como o grande encontro de Licancabur com Quimal, simbolizando a fertilidade e a abundância da natureza.
Onde vivenciar essa cultura durante a viagem?
Uma das formas de vivenciar de perto a cultura Licanantay durante a sua viagem é o Tour Astronômico, em que você vai aprender a olhar o céu de uma maneira única. Os Licanantays acreditavam que o céu mostra mensagens dos antepassados, até dando sinais de riscos na terra. Para eles, todos viramos estrelas depois que partimos. No tour, aprendemos a ver algumas constelações licanantays e a cosmovisão deles pra vida, e para a morte. Outro Tour é o Vale do Arco Íris, onde percorremos montanhas coloridas em paisagens que contam a história do Atacama. As rochas e falésias revelam gravuras e petroglifos datadas de milhares de anos atrás.
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Por último, a fortaleza de Pukará de Quitor mantém ainda construções feita por eles de pé para visitação. Com uma vista para o Vale de Catarpe e o Vale do Morte, a fortaleza conta a história dos indígenas que se refugiaram ali para fugir dos ataques dos espanhóis. Dependendo da época que você estiver, pode ter a sorte de festejar a natureza em alguma celebração local. Além disso, existem comunidades indígenas abertas a visitação que podem compartilhar mais de perto as tradições.
Enfim, na cidade tem o Museu Arqueológico Gustavo Le Paige é em homenagem ao padre jesuíta que se dedicou a registrar e investigar a arqueologia do Deserto do Atacama e sua população. Hoje, o museu abriga milhares de itens de cerâmica, tecidos, vestimentas, e até mesmo múmias. Aberto para a visitação durante todo o ano.


Qual a origem do nome de San Pedro de Atacama?
O nome San Pedro de Atacama mostra a mistura histórica da cidade. Quando os espanhóis chegaram e tiveram o primeiro contato com os Licanantays, tiveram um problema de comunicação. Uma das teorias é de que os forasteiros perguntaram “quem são vocês” para os locais. E, em cunza, responderam “accachay”, que significa “parte norte”.
Para eles, estavam respondendo a pergunta “onde estavam”, mas, a resposta virou o nome deles até os dias de hoje. Espanhóis passaram a chamá-los de Atacamas, que é como entenderam “accachay”. E, como parte da colonização, trouxeram San Pedro para ser o padroeiro da cidade e assim virar San Pedro de Atacama.
Por toda a região você encontrará nomes em cunza, que nem todos sabem. Três deles são muito presentes na paisagem e para a história dos Licanantays. Um deles é o Vulcão Lascar, que significa “língua de fogo”, que tem a fama de ter fortes erupções. Outro é o Juriquez, que significa “descabeçado” por conta da lenda de amor do Atacama. Por último, o Licancabur, que é “a montanha do povo”.
Conclusão
Viajar à San Pedro do Atacama e aprender sobre os Licanantays enriquece ainda mais a sua experiência. Essa é uma oportunidade para ter uma imersão cultural, descobrir novas formas de ver o mundo.
Quer conhecer a história do Deserto do Atacama além das paisagens? Descubra a cultura Licanantay com a Fui Gostei Trips!