Salar de Tara ou Rota dos Salares? Conheça esse passeio encantador.

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Incialmente, quando comecei a criar meu roteiro pelo Atacama, vi muitas pessoas indicando o Salar de Tara como “o melhor passeio da região”, porém não encontrava nenhuma agência que tivesse o tour.

Só aí descobri que a Rota dos Salares havia surgido como uma opção repaginada daquele que era o passeio queridinho dos aventureiros. 

Mas afinal, Salar de Tara e Rota dos Salares é a mesma coisa? Sim e não

Os famosos Licancabur e Juriquez de pertinho

Em junho de 2018, a CONAF, Corporação Nacional de Florestas, informou o fechamento temporário da região do Salar de Tara, Salar de Aguas Calientes e Salar de Pujsa em uma ação de conservação para recuperar o ecossistema e aumentar a reprodução de flamingos.

Após alguns meses, os Salares de Aguas Calientes  e Pujsa voltaram a receber turistas, porém o Salar de Tara, que dava nome ao tour, permanece fechado, impossibilitando também a visita às Catedrales de Tara.

As agências então criaram roteiros alternativos, substituindo algumas atrações e mantendo outras.  

Não posso comparar os dois roteiros pois quando viajei ao Atacama o primeiro já não existia mais, mas garanto que este continua sendo o passeio mais bonito e emocionante.

Por onde passa a Rota dos Salares (ANTIGO SALAR DE TARA)?

Com paradas que chegam a 4.800m de altitude, este é o passeio mais alto.

Apesar disso, por ser um tour sem grandes esforços físicos, não senti o temido mal de altitude. Lógico que se apertar o passo na hora de andar ficamos um pouco ofegantes, mas nada demais.

E além de ser o mais alto, é o passeio mais distante também. Fica a cerca de 140km do Atacama seguindo na direção leste, a poucos minutos da fronteira com Argentina e Bolívia. 

Uma curiosidade é que o caminho até a primeira parada parece ser uma descida, mas na verdade estamos subindo o tempo todo. Ilusão de ótica daquelas devido a falta de pontos de referência na lateral das estradas. 

Mirante dos vulcões

A primeira parada na Rota dos Salares é uma agradável surpresa: encostamos em um mirante a pouco mais de 4.000m de altitude para tomar o café da manhã e dali era possível ver os vulcões Licancabur e Juriquez de pertinho.

Estes dois são o símbolo do Atacama e é possível avistá-los de todo e qualquer lugar da região, mas estava acostumada a vê-los sempre distantes de nós.

Pela primeira vez ficamos cara a cara e, olha, a natureza é mesmo impressionante.  

Beba bastante água e tente não exagerar no café da manhã (vai ser difícil, são muitas gostosuras). Ótima oportunidade para tomar o chá de coca caso queira se prevenir da soroche.

Ah, lembre de se preparar também já nos dias anteriores, evitando consumo de álcool e carne vermelha. 

Esta é uma das rotas que passará por lugares riquíssimos em fauna e flora. Sempre que puder, dê uma olhada a sua volta, com certeza achará algum bichinho na espreita.

Muitos animais na estrada do passeio Rota dos Salares, fique atento!

Laguna Diamante

Quem diria que uma laguna artificial pudesse ser tão bonita?

Há alguns anos, tiraram terra daquele local para a construção de uma estrada. Com o tempo, a água da chuva acumulou ali e assim nascia a Laguna Diamante. A vista é linda, com Cerro Pilli ao fundo.

Está localizada a 4.500m de altitude e no inverno ela congela completamente!!! No verão, fica linda quando o sol está no topo, pois ganha uma cor esmeralda encantadora.

Apesar de ser uma laguna artificial, atualmente, ela virou lar de alguns patinhos e há muita vida nela.

Patinhos dominaram a Laguna Diamante

Monjes de La Pacana

A região do  Monjes de la Pacana, a 4.446m de altitude, é uma caldeira com pedras vulcânicas provindas de uma erupção que aconteceu na Bolívia cerca de 3 a 4 milhões de anos atrás. 

Quando entram em atividade, além de cinzas e magma, os vulcões arremessam fragmentos de rochas sólidas, denominadas “bombas piroclásticas”. 

A pedra mais famosa se parece um índio andino

A explosão arremessou esses fragmentos de rocha que, durantes os milhares de ano sob ação do vento e das chuvas, foram sendo moldadas ao que conhecemos hoje como os Monges.

A icônica pedra El Indio é considerada guardião de Pachamama e tem uns 30 metros de altura. 

Ali, é possível caminhar por um lugar que recebia grandes festividades dos povos nativos, com peregrinações vindas de todo o Chile, Bolívia e Peru.

Para se protegerem do frio à noite naquele extenso campo aberto, eles cavavam buracos  para dormir. 

Uma recepção mais que especial

O guia <3 era um nato contador de histórias e criou todo um clima antes de entrarmos no lugar, colocando até música folclórica chilena para ouvirmos enquanto o carro se dirigia aos monges.

Atentos à história e ansiosos pelo que veríamos, quando o carro finalmente chegou, com aquela música linda de fundo, eu chorei. E quando olhei para o lado, todos no carro choravam também, emocionados. 

Todos ali vinham de lugares diferentes, com histórias diferentes, mas chegar em um lugar com aquela energia, tocou mesmo todo mundo.

Este tour tem paisagens surreais, e sempre que me perguntam por que gosto tanto de viajar, me lembro deste dia. A sensação de poder ver uma natureza tão diferente, rica, ao vivo e a cores (muitas cores), me faz ser muito grata por ter vivido dias tão intensos no Atacama. 

Aí você está sentindo um turbilhão de emoções, olha pra cima e vê um índio gigante, com seus 30 metros… não tem como não acreditar nas histórias, você só sente e  agradece muito à Pachamama

Salar, salar e mais salar. Tem até Salar de Tara

E como o próprio nome diz, durante o passeio à Rota dos Salares, veremos 3 importantes deles localizados na Reserva Nacional Los Flamencos: Salar de Pujsa, Salar de Quisquiro e Salar de Aguas Calientes.

A cereja do bolo é que a região conta com alguns mirantes e você também poderá ver um pouquinho do Salar de Tara à distância. 

Salar de Pujsa

Como expliquei lá no comecinho, o Salar de Pujsa ficou um tempo fechado por ser um patrimônio nacional e super importante para as comunidades indígenas do Atacama.

Casa de muitos flamingos

Fica a 4.580m acima do nível do mar e, ao chegar lá, dá pra entender porque é tão especial. Os flamingos, o contraste das cores, o barulho das aves e do vento, os vulcões e montanhas em volta, tudo ali impressiona e torna o lugar uma atração que por si só já valeria o passeio.

Algas presentes nestas águas são responsáveis pelas cores do Flamingos

Salar de Quisquiro

O Salar de Quisquiro, a 4.150m de altitude, é um dos pontos mais distantes do tour e fica do ladinho da Argentina. Na superfície, além de muito sal, há lagoas bem rasas e umas moitas verdes, que dão um charme no visual.

Salar de Quisquiro a menos de 30 minutos da Argentina

Salar de Aguas Calientes (e Salar de Tara)

O último a ser visitado é o Salar de Aguas Calientes.

Você já deve ter ouvido este nome antes, afinal existem uns 3 ou 4 deles no Atacama. Este fica coladinho em Caldera La Pacana e de um mirante a quase 4.800m é possível ver o Salar de Tara.

Em qualquer época suas águas são mesmo quentinhas

Aqui novamente aconselho a prestar atenção na natureza. Há diversos animais e plantinhas na região, vimos praticamente todos os animais como zorro (a raposinha andina), vizcacha (roedor semelhante a um coelho), suri  (espécie de ema), vicuñas, patos, flamingos, tudo possível.

É incrível como a fauna pode ser tão variada em um lugar com condições ambientais tão extremas: oxigenação reduzida, alta exposição à radiação UV, oscilação térmica extrema, salinidade altíssima, etc.

Um tour que não acaba quando termina

Por volta das 14h iniciamos o retorno a San Pedro de Atacama.

O guia era super bonzinho e fez algumas paradas extras a nosso pedido, como para tirar foto com a neve, em um ônibus carbonizado e mais uma paradinha para apreciar os vulcões Licancabur e Juriquez.

Até um ónibus abandonado fica fotogênico perto do Licancabur

Levamos quase 2 horas no trajeto e fomos todos juntos almoçar em um restaurante reservado pela agência, pois esta refeição também estava inclusa.  

A Rota dos Salares (antigo Salar de Tara) é mais um tour que acho imprescindível fazer com um guia.

Isto porque as estradas não possuem sinalização, alguns trechos nem estrada tem, são super difíceis de dirigir (vimos alguns carros com pneu furado pelo caminho) e, com suas histórias, nosso guia simplesmente levou esta experiência a um outro nível. Amei demais! 

Por fim, se você também ficou com vontade de fazer o passeio mais bonito do Atacama, procure a equipe da Fui Gostei Trips e tenha a certeza de fazer o tour com um profissional qualificado.

Esperamos você! 

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